Foi na entrada da aldeia de ollantaytambo, perto de Cuzco. Eu tinha me soltado de um grupo de turistas e estava sozinho, olhando de longe as ruínas de pedra, quando um menino do lugar, esquelético, esfarrapado, chegou perto para me pedir que desse a ele de presente uma caneta. Eu não podia dar a caneta que tinha, porque estava usando-a para fazer sei lá que anotações, mas me ofereci para desenhar um pouquinho em sua mãe.
Subitamente, correu a notícia. E de repente me vi cercado por um enxame de meninos que exigiam, aos berros, que eu desenhasse em suas mãozinhas rachadas de sujeira e frio, pele de couro queimado: havia os que queriam um condor e uma serpente, outros preferiam periquitos ou corujas, e não faltava quem pedisse um fantasma ou um dragão.
E então, no meio daquele alvoroço, um desamparadozinho que não chegava a mais de um metro do chão mostrou-me um relógio desenhado com tinha negra em seu pulso:
-Quem mandou o relógio foi um tio meu, que mora em Lima-disse.
-E funciona direito?-perguntei.
-Atrasa um pouco-reconheceu.
Texto retirado da página 39 do livro "Livro dos Abraços" de Eduardo Galeano, editora L&PM Pocket
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
O Milagre, que como quem cria, também desaparece
So-lu-cei
Soluções só le-tra-das
Então, Gritei
Fabriquei-as ri-os
Todas
bem nascidas
quase morri
Faltou luz
Escureceu, a noite sobrou
Me faltou manta clara
Soletrei Rios
Desci e subi a geografia
Me faltou força pra acreditar que voltará
Ficara, aqui, soluçada, gritada
Me solapa a vida passada, que não voltará
Minha vida, que seria dela, que sem Ela, que não conheci?
Nem vi, passou, feito rasgada corredeira de veio forte
mas ficou, como uma moça forte
grande nas coisas que fez
Soluções só le-tra-das
Então, Gritei
Fabriquei-as ri-os
Todas
bem nascidas
quase morri
Faltou luz
Escureceu, a noite sobrou
Me faltou manta clara
Soletrei Rios
Desci e subi a geografia
Me faltou força pra acreditar que voltará
Ficara, aqui, soluçada, gritada
Me solapa a vida passada, que não voltará
Minha vida, que seria dela, que sem Ela, que não conheci?
Nem vi, passou, feito rasgada corredeira de veio forte
mas ficou, como uma moça forte
grande nas coisas que fez
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Meus sinais para você
Quando o sinal da escola faz vida
Na fábrica de linguas
Vem criar coisas estranhas, lembrar momentos bons
Vem me trazer você
Mas você anda, sem dúvida bem zangada
Pois esta interessada, em fingir que não me vê
Você que agora não entende
Porque não quer os meus sinais
Você que no inverno, com meias de criança
tem borracha nos teus pés
E de manhã, enfia o agasalho
Só no frio você crê
Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando meu coração grita
Faz reclame de você
Nos meu olhos você lê
Como eu sofro cruelmente
Com ciúmes, impaciente, dos que te teus sinais
e a mim você nem vê
Sou do sereno poeta soturno
Vou virar paciênte louco
Só por causa de você
Que enquanto você faz pano
Faço junto dos meus prantos esses versos pra você
Esses versos pra você, esses versos pra você
Na fábrica de linguas
Vem criar coisas estranhas, lembrar momentos bons
Vem me trazer você
Mas você anda, sem dúvida bem zangada
Pois esta interessada, em fingir que não me vê
Você que agora não entende
Porque não quer os meus sinais
Você que no inverno, com meias de criança
tem borracha nos teus pés
E de manhã, enfia o agasalho
Só no frio você crê
Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando meu coração grita
Faz reclame de você
Nos meu olhos você lê
Como eu sofro cruelmente
Com ciúmes, impaciente, dos que te teus sinais
e a mim você nem vê
Sou do sereno poeta soturno
Vou virar paciênte louco
Só por causa de você
Que enquanto você faz pano
Faço junto dos meus prantos esses versos pra você
Esses versos pra você, esses versos pra você
sábado, 24 de abril de 2010
Egoísta
Ya te sobra mas no habrás de repartir
egoísta, perverso, gran malvado
sos tan cruel un tipo renegado
de piedad no sabe tu sentir
Poderoso absoluto y excluyente
cada cosa que quieras ha de ser
nada importa, extraño padecer
y te burlas de ancianos e indigentes
Es tu mundo inmensa hipocresía
ya desprecias la diaria realidad
don dinero es toda la verdad
el abuso de rigor es cada día
Son esclavos sin más tus dependientes
y no sabes de leyes ni de Dios
es soberbia, irrita hasta tu voz
al final saldarás cuentas pendientes
http://www.ningo.com.ar/Vida/egoista.htm
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